27 de agosto de 2003

SEJAMOS INDULGENTES
Eu sei que não se pode olhar as acções do passado com os olhos dos nossos dias, mas mesmo assim é sempre um fascínio espreitar a maneira como a Igreja Católica se foi mantendo.
A Taxa Camarae era um tarifário promulgado pelo papa Leão X (1517-1521), destinado a vender indulgências (perdão de culpas). Basicamente não havia nada que não pudesse ser perdoado... desde que a bolsa o permitisse. São 35 artigos que cobrem tudo o que uma mente eclesiástica podia pensar como pecado. E, desde já, aviso que não saía barato pecar, nesses tempos (agora, com as indeminizações, a coisa também anda pela hora da morte, mas enfim...). Cito apenas alguns desses artigos, a título de exemplo:
"1. O eclesiástico que cometa o pecado da carne, seja com freiras, seja com primas, sobrinhas ou afilhadas suas (...) será absolvido mediante o pagamento de 67 libras e 12 soldos.
2.Se o eclesiástico, além do pecado da fornicação, quiser ser absolvido do pecado contra a natureza ou bestialidade, deve pagar 219 libras e 15 soldos. Mas se tive apenas cometido pecado contra a natureza com criança ou com animais e não com mulheres, pagará unicamente 131 libras e 15 soldos.
(...)9. A absolvição de um simples assassínio cometido na pessoa de um leigo é fixada em 15 libras, 4 soldos 3 3 dinheiros.
10. Se o assasino tiver morto um ou mais homens no mesmo dia, pagará como se tivesse apena assassinado um.(...)
13. A mulher que destruir o filho que traz nas entranhas, assim como o pai que tiver contribuído para a perpretação do crime, pagarão cada um 17 libras e 15 soldos. Quem facilitar o aborto de uma criatura que não seja seu filho pagará menos 1 libra.(...)
18. Quem quiser comprar antecipadamente a absolvição por todo e qualquer homicídio acidental que venha a cometer no futuro. terá de pagar 168 libras e 15 soldos..."

Estas e outras curiosidades históricas encontram-se profusamente ilustradas no livro de Pepe Rodriguez "Mentiras fundamentales de la iglesia catolica" (há uma edição portuguesa pela Terramar).

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